Entrevista com Daniel Cahon
- Casa de Música
- 23 de abr.
- 14 min de leitura
Daniel Cahon é contrabaixista, produtor musical e criador do Sarau do Cahon, projeto que já reuniu mais de 1.900 artistas. Já trabalhou com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elza Soares e Arlindo Cruz. Atualmente, lança seu álbum instrumental Vamos Tocar?, dirige musicalmente Cátia de França e toca na Roda Sambay e com Carlos Dafé.
Sobre sua trajetória na música
1.Daniel, você tem uma carreira muito diversificada, atuando como baixista, produtor, arranjador… Como foi sua caminhada até aqui? Sempre quis seguir esse caminho na música?
A minha relação com a música começou muito cedo, mas de forma intuitiva, quase inconsciente. Quando criança, eu não tinha ainda a noção de que aquilo era algo “musical” no sentido mais técnico ou artístico. Eu apenas sentia. Hoje em dia, eu consigo olhar pra trás e perceber que eu já via o mundo como algo sonoro — o bater do coração, os passos das pessoas, os sons da rua... tudo tinha ritmo, textura. Mas na época, era uma sensação mais visceral, como se a música simplesmente fizesse parte do mundo e de mim, sem que eu soubesse exatamente por quê.
Uma das minhas primeiras memórias fortes com a música foi vendo meu pai tocar violão em casa. Eu ficava encantado com aquele instrumento — o cheiro do couro da capa, o aroma da madeira, mas principalmente, os sons graves que saíam dele. Aqueles graves me hipnotizavam. Era como se vibrassem dentro de mim, como se eu fosse feito pra sentir aquilo.
Aos 14 anos, comecei a aprender violão com um vizinho do prédio, o Júlio César Gonçalves. Ele era um amante da música erudita e popular, e mesmo não se considerando professor, me acolheu com generosidade. Me mostrou nomes e obras que até hoje ressoam no meu trabalho — inclusive o do Arthur Maia, que viria a ser um mestre e amigo mais tarde.
Nessa época, comecei também a trabalhar com informática, por ser autodidata com computadores. Era uma forma de ter alguma independência financeira, mas a música seguia pulsando forte. Entrei pro grupo da igreja e foi ali que, por necessidade, conheci o contrabaixo. E quando toquei o baixo pela primeira vez, foi como se eu reencontrasse aqueles graves que me encantavam desde pequeno. Foi paixão imediata.
Vieram então as primeiras bandas com amigos, os ensaios, os shows pequenos… e o primeiro cachê por tocar, que foi um marco. Eu não dormi aquela noite. Ter sido pago por fazer algo que eu amava foi revelador.
Mas o momento definitivo mesmo, em que tudo se consolidou dentro de mim, foi quando vi o Mauro Costa Júnior tocando. Eu estava andando de bicicleta pela cidade e ouvi um som que me chamou a atenção. Fui chegando mais perto e vi um violonista tocando com uma expressão, uma fluidez, uma verdade que me deixaram paralisado. Era o Mauro. Eu parei a bicicleta e simplesmente fiquei ali, sem conseguir tirar os olhos dele. Aquele som dizia tudo o que eu queria dizer e ainda não sabia como. Foi naquele instante que eu decidi, com total clareza: “É isso. Eu vou ser músico.”
Pouco depois participei do Festival Musifest, idealizado pelo Arthur Maia, e aquilo consolidou ainda mais meu encantamento com a música instrumental. A troca com músicos incríveis, as oficinas, os palcos... tudo aquilo me alimentou profundamente. Foi quando entendi que não era só paixão — era vocação.
Em 2008 entrei pra faculdade de Produção Fonográfica na UNESA, e ali consegui unir o que já vivia na prática com uma formação técnica mais ampla. Descobri também que minha facilidade em organizar ensaios, pensar nos arranjos e cuidar dos detalhes era, na verdade, parte do ofício do produtor. Foi um período de muitas descobertas e crescimento, e a partir dali, comecei a trabalhar também como produtor musical.
Hoje olho pra trás e vejo que essa caminhada foi feita de muitos encontros — com pessoas, com sons, com sensações. E mesmo nos momentos em que a vida parecia apontar pra outro caminho, a música sempre esteve ali, como um chamado. Como um som de longe que, quando você se aproxima, percebe que é a sua própria voz.
2.Trabalhar com tantos artistas incríveis deve ter sido uma experiência e tanto! Tem alguma história marcante dessa jornada?
Trabalhar com tantos artistas incríveis foi (e continua sendo) uma experiência profundamente enriquecedora. Já estive em estúdios, palcos e bastidores com nomes que admirei desde sempre, e é difícil escolher apenas um momento marcante, porque são muitos. Mas tem histórias que ficam pra sempre na memória e no coração.
Uma das coisas que mais aprendi é que os grandes artistas de verdade, os que são mesmo diferenciados, costumam ser também gente muito fina. Roberto Menescal é um exemplo disso. Foi um dos primeiros a me estender a mão, me chamando pra trabalhar com ele na gravadora Albatroz. Sempre que precisei, ele me ajudou com generosidade e carinho. Participou do meu primeiro álbum instrumental (que estou lançando em breve) e também de outros projetos que produzi. É uma honra tê-lo como parceiro — além de ser uma lenda viva da música brasileira, é um ser humano incrível.
Outra parceria que me orgulha muito é com a grande artista paraibana Cátia de França. Trabalho com ela desde 2009, como músico e produtor, e nesses anos todos tive verdadeiras aulas de Brasil com ela. Cátia é uma das artistas mais autênticas e potentes que eu conheço, e me confiar a missão de dirigir suas bandas, desde tão jovem, foi e ainda é uma responsabilidade enorme. Através dela, convivi com figuras como Geraldo Azevedo, Xangai, Amelinha, Mateus Aleluia… Gente que carrega a alma da nossa cultura. Cada encontro foi uma aula.
Agora, um momento muito especial foi ainda no início da minha trajetória profissional, quando trabalhei como operador de áudio na Globo. Eu tinha só 20 anos e participei da equipe técnica de um especial de fim de ano com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Ivete Sangalo. Já pensou? Ali, bem pertinho deles, ainda me sentindo novo e meio tímido com tudo aquilo, foi surreal.
Nesse mesmo especial, reencontrei o Arthur Maia — ele era o baixista do Gil. Eu já tinha cruzado com ele algumas vezes antes, mas achava que ele nem lembrava de mim. Pra minha surpresa, quando me viu na Globo, ele me chamou pelo nome e sobrenome! Arthur era uma figura gigante, não só no baixo, mas como pessoa. Generoso, simples, talentoso demais. No fim dessa gravação, ele me convidou pra trabalhar com ele no estúdio — e a partir de 2012 começamos uma parceria que durou anos. Gravamos e produzimos centenas de projetos juntos. Eu trazia minha organização, meu conhecimento de tecnologia musical e ele… bem, ele era um monstro no baixo. Só de assistir ele gravando já era como fazer uma faculdade. Foi um dos maiores aprendizados da minha vida.
Esses momentos não foram só importantes pela dimensão artística, mas porque me mostraram que é possível crescer com afeto, respeito e troca verdadeira. É isso que carrego comigo em cada projeto.
3.Como é para você equilibrar a atuação como instrumentista e produtor? O que mais te inspira em cada uma dessas funções?
Conciliar a vida de produtor com a de instrumentista é algo que faço com bastante naturalidade hoje em dia. Tenho uma espécie de método na cabeça, uma organização mental que guia meu processo em cada trabalho – mas sem engessar. É uma estrutura flexível, que se adapta a cada proposta artística, respeitando sempre a identidade e a essência do projeto.
No estúdio, a função de produtor tem um quê de magia. Ali, meu papel é criar um ambiente seguro e confortável para o artista. O estúdio é onde a gente “fotografa” aquele momento, aquele som, aquela emoção. Para isso, o clima tem que estar harmonioso e as condições técnicas e musicais precisam favorecer o melhor desempenho possível. Vivemos uma era onde tudo pode ser corrigido: afinação, tempo, detalhes técnicos... Mas nada substitui uma boa interpretação, um take verdadeiro. Por isso, faço questão de priorizar o emocional na gravação. Quando o artista se sente acolhido, a música agradece.
O palco, por outro lado, é outro tipo de encantamento. É o lugar da entrega, da obra pronta, do impacto direto com o público. É diferente produzir para o ao vivo: há o calor humano, a resposta imediata, o improviso, a emoção crua. O estúdio é minucioso; o palco é visceral. Amo estar nos dois. Me sinto pleno exercendo a missão que acredito ter na música em ambos os papéis.
Quando estou como músico, minha vivência como produtor me ajuda muito. Eu consigo enxergar o todo, visualizar o que o produtor daquele trabalho está buscando. Isso facilita a comunicação, o resultado e até a minha própria performance. Uma função complementa a outra. E ao longo dos anos, fui entendendo como unir essas frentes de forma fluida. Não tenho preferência por uma ou outra – o que me inspira é poder mergulhar de corpo e alma em cada projeto, seja qual for o meu papel nele.
Sobre o recital e a experiência na igreja
4.O que significa para você tocar no Encontros Musicais, dentro da Igreja Batista Central de Niterói?
Tocar no Encontros Musicais, dentro da Igreja Batista Central de Niterói, é uma experiência que me honra profundamente. Fui convidado para apresentar o contrabaixo como protagonista do som – não só como base harmônica e rítmica, mas também como instrumento melódico e de improviso. É uma oportunidade rara e preciosa de mostrar as muitas possibilidades do baixo, explorando sua musicalidade para além do papel tradicional de acompanhamento.
Já toquei em muitos ambientes religiosos ao longo da vida, inclusive no início da minha trajetória musical, quando a igreja foi um dos meus primeiros palcos. Sempre carrego comigo esse respeito por espaços sagrados, principalmente quando eles se mostram abertos à arte, à escuta e ao acolhimento.
Estar numa igreja que valoriza o amor, o acolhimento e a liberdade de pensamento – mais do que dogmas ou tradições rígidas – me faz sentir em casa. Em tempos em que muitos espaços religiosos acabam sendo instrumentos de alienação, é gratificante ver uma comunidade que tem um olhar crítico, mas amoroso, e que promove a cultura com responsabilidade e afeto. Isso transforma totalmente a atmosfera do lugar e influencia, sim, a performance. Tocar num ambiente assim nos dá leveza, presença e conexão com o que realmente importa.
Esse convite, pra mim, é mais do que uma apresentação: é uma oportunidade de levar a música instrumental – especialmente o contrabaixo em destaque – a um espaço de reflexão, acolhimento e escuta. É gratificante poder compartilhar essa linguagem musical em um ambiente que valoriza a arte como forma de conexão e diálogo.
5.Como foi preparar o repertório para essa apresentação? Podemos esperar algo especial para essa noite?
Para essa apresentação, preparei um repertório que representa bem minha trajetória musical e a proposta do meu trabalho instrumental. Vou começar com composições autorais como Samba no Céu e O Frango, que foram as duas primeiras músicas instrumentais que compus, por volta dos meus 17 anos. São temas que têm um valor afetivo muito grande pra mim, pois marcam o início dessa caminhada com o contrabaixo como protagonista. Também vou tocar um xote que escrevi para minha filha, além de releituras de clássicos do jazz e de nomes que me inspiram muito, como Arthur Maia, Azymuth e Banda Black Rio.
Pensei num repertório que mostrasse a versatilidade do contrabaixo — como instrumento melódico, improvisador e, claro, como base firme da harmonia e do ritmo. E estou muito bem acompanhado: ao meu lado estarão dois mestres que admiro profundamente e que hoje também são grandes amigos, o pianista Marcos Nimrichter e o baterista Mac William Caetano. Também teremos participações especiais da talentosa guitarrista Nathy Cristo e do querido saxofonista Nestor Lessa — dois músicos que acrescentam muito à noite com sensibilidade e musicalidade.
A ideia é criar um ambiente de troca, sensível e cheio de energia, onde o público possa se sentir tocado, inspirado e também envolvido nessa vibração. Estou ansioso rs.
6.A música instrumental tem uma conexão forte com a espiritualidade. Como você enxerga essa relação na sua arte?
A música instrumental, para mim, é uma forma direta de conexão com o Divino. Vai muito além dos sons ou da estética – é como se fosse uma ponte entre o visível e o invisível, uma maneira de acessar algo que está além da compreensão racional. Talvez por isso ela esteja tão presente na minha vida de forma natural, quase como uma vocação. Sinto que tenho coisas a cumprir, missões a realizar com a música nesta existência.
Não é à toa que, muitas vezes, ao tocar, tenho a sensação de estar me comunicando com algo maior. É como se, do outro lado, alguém – ou algo – estivesse ouvindo, captando a mensagem. A música é um portal. Ela transcende o tempo, o espaço, a lógica… e nos leva a lugares que nem sempre conseguimos explicar com palavras.
Esse dom que nos é dado não é só um talento. É uma ferramenta de conexão com o mistério, com as emoções mais profundas, com tudo aquilo que está fora do alcance do olhar. E é nesse lugar que eu tento estar quando toco, componho ou produzo: conectado ao que há de mais verdadeiro e essencial. De nada adianta tocar com técnica se não tocar com coração e alma.
Sobre o álbum e o show “Vamos Tocar?”
7.Seu novo projeto explora a diversidade dos ritmos brasileiros. Como surgiu essa ideia?
O projeto "Vamos Tocar?" surgiu da minha vontade de explorar e celebrar a riqueza da música brasileira, uma mistura única de influências e tradições que moldaram nossa identidade cultural. O Brasil é um país de miscigenação, e isso se reflete não só na nossa história, mas também nos nossos ritmos, que são tão diversos quanto o próprio povo. O contrabaixo, por si só, não é um instrumento tipicamente brasileiro, mas ao longo do tempo, busquei trazer uma abordagem pessoal, imersa nos estilos autênticos do Brasil.
Para esse primeiro álbum e show, decidi explorar alguns dos ritmos mais emblemáticos da nossa cultura, como samba, choro e bossa nova, que têm raízes no Rio de Janeiro. Mas também queria me aprofundar em outros estilos regionais, como o Ijexá da Bahia, o Baião e o Maracatu de Pernambuco, o Carimbó do Pará, entre outros. Cada um desses ritmos tem uma identidade própria e, ao incorporá-los no meu trabalho, busquei não só fazer uma homenagem, mas também afirmar nossa identidade musical, com muito orgulho, sem a necessidade de imitar modelos estrangeiros.
O objetivo é mostrar a diversidade e a força da música brasileira, explorando seus ritmos de uma forma autêntica e, ao mesmo tempo, mantendo minha própria interpretação e estilo como músico. É uma maneira de, através da música instrumental, conectar minha vivência, minha história e minha arte com as várias manifestações sonoras do Brasil.
8.O que te atrai nesses estilos como baião, carimbó, choro e maracatu? Tem algum ritmo que você se identifica mais?
Esses estilos como baião, carimbó, choro e maracatu me atraem profundamente pela riqueza cultural e pela força que cada um carrega. O Brasil é um país de uma diversidade sonora única, e esses ritmos são expressões poderosas de nossa história, nossa vivência e nossa identidade. O baião, por exemplo, com sua pegada rítmica e suas melodias simples, mas profundas, tem uma energia que me fascina. O carimbó traz uma mistura de influências indígenas e africanas, com uma batida envolvente que remete à tradição do Pará e ao espírito festivo. O choro é outro estilo que tem uma beleza melódica e harmônica incrível, além de ser um dos ritmos mais representativos da música brasileira. Já o maracatu, com sua solenidade e sua ligação com as raízes africanas, é uma verdadeira celebração da cultura pernambucana.
Em termos de identificação pessoal, não diria que me sinto mais conectado a um ritmo específico, pois cada um deles tem algo que me toca de maneira única. No entanto, por ser carioca, tenho uma ligação mais próxima com o samba e o choro, ritmos que sempre foram presentes no meu cotidiano. Porém, ao estudar e me aprofundar nesses outros estilos regionais, como o baião e o carimbó, percebo o quanto esses ritmos também fazem parte da nossa identidade musical coletiva, e é isso que me fascina. Cada um desses estilos tem algo que me desafia e me faz crescer como músico, seja na construção da melodia, na interpretação rítmica ou na imersão na tradição.
9.Você já tocou ao lado de grandes músicos nesse show. Como essas colaborações enriquecem o projeto?
O projeto "Vamos Tocar?" já teve a participação de diversos grandes nomes da música brasileira, tanto no palco quanto nas gravações. O álbum, que será lançado em breve, conta com a colaboração de músicos incríveis como Carlos Malta, Claudio Infante, Fernando Merlino, Marcelo Martins, Marcos Nimrichter, Nicolas Krassik, Roberto Menescal, Sergio Chiavazzoli, Téo Lima e outros. A generosidade desses artistas em gravar e tocar comigo é uma honra. Ver meu primeiro álbum com uma ficha técnica tão respeitável me enche de alegria.
Um fato curioso sobre o álbum é que, embora eu tenha convidado muitos músicos e artistas que sou fã e amigo, os baixistas, em especial, costumam ter dificuldades em trabalhar juntos, já que normalmente só há um baixista por banda. No entanto, para este projeto, resolvi convidar vários baixistas que admiro para compor comigo. O álbum terá faixas com parcerias de grandes baixistas brasileiros, como Alex Malheiros, Adriano Giffoni, Arthur Maia, Jamil Joanes, Mazinho Ventura, Rubão Sabino e outros. Algumas faixas terão vários contrabaixos tocando juntos, enquanto outras terão apenas contrabaixos, oferecendo surpresas interessantes para o público.
Sobre o Sarau do Cahon e o incentivo à música independente
10.O Sarau do Cahon já reuniu mais de 1.900 artistas! Como você vê o impacto desse projeto na cena musical independente?
O Sarau do Cahon é um projeto que carrego com muito carinho e que neste ano completa 11 anos de existência. O que começou como um evento para unir tribos musicais se transformou em um verdadeiro movimento cultural. Mais de 1.900 artistas já passaram pelo palco do sarau, cada um trazendo sua verdade e sua arte, num ambiente de respeito, diversidade e acolhimento.
Para mim, o sarau é parte da missão que sinto na música — de ser ponte, de reunir, de transformar. Já ouvi muitos relatos emocionantes de como o Sarau do Cahon ajudou artistas a reencontrarem seu propósito, a superarem desafios, a fazerem novas conexões que impulsionaram suas carreiras. É muito bonito ver o quanto essa iniciativa impacta vidas, não só de quem sobe no palco, mas também de quem assiste e se sente representado.
A filosofia principal é simples, mas poderosa: amor, união, acolhimento, som. Um espaço de despreconceito, onde diferentes estilos e trajetórias artísticas convivem harmonicamente. É um projeto que mostra que a música independente é viva, pulsante e tem muito a dizer. E fico muito feliz de poder ser um agente nesse processo.
11.Depois de tantos encontros musicais no seu sarau, qual foi o momento mais especial ou inesquecível para você? Que conselho você daria para músicos independentes que querem construir uma carreira sólida?
Força, foco e fé. Esses são três pilares importantes. Mas também é fundamental ter planejamento: pensar para onde você quer ir e traçar os passos para isso. O autoconhecimento é essencial — saber qual é a sua verdade como artista. Toque sempre aquilo que faz sentido pra você, não tente forçar ser um músico que não é e, ao mesmo tempo, não renegue quem você é. Isso é o que te torna único.
Muito estudo sempre. A sorte costuma caminhar ao lado de quem está preparado. Se esforce para ser o melhor no que você faz — o mundo é dos esforçados. E leve a vida com leveza. Ser músico é uma profissão linda, mas cheia de altos e baixos, e é importante estar preparado para os múltiplos momentos dessa jornada com serenidade, organização e amor pela arte.
Futuro e curiosidades
12.Quais são seus próximos passos? Algum novo projeto vindo por aí?
Muitos projetos vindo por aí! Sou um cara que tem uns 200 projetos na gaveta, só esperando o momento certo pra acontecer. Agora estou finalizando meu primeiro álbum instrumental, Vamos Tocar?, e o segundo já está praticamente pronto também — os dois fazem parte de uma mesma fase de composição. Além deles, já tenho algumas faixas gravadas para um terceiro álbum, que será focado nas minhas composições com letra, então teremos várias faixas cantadas.
E tem mais: um quarto disco também está tomando forma, com 10 parcerias minhas com o Arthur Maia (spoilerzinho... ainda não posso falar muito sobre esse projeto! rs). Paralelo a isso, sigo com os planos pro Sarau do Cahon — estamos organizando a retomada das apresentações mensais, a estreia de um projeto online e a gravação de um grande material audiovisual. Estamos estudando formas de captar recursos pra tudo isso.
Fora esses, ainda tem os trabalhos em parceria com outros artistas... ou seja, vem muita música por aí!
13.O que você gosta de ouvir no dia a dia? Algum artista ou álbum que está sempre na sua playlist?
Richard Bona, Marcus Miller, Bill Evans, Joe Pass, Toninho Horta, Snarky Puppy, Guinga, Raul Midón, Djavan, Gilberto Gil e outros.
14.Se pudesse dividir o palco com qualquer artista, de qualquer época, quem seria?
Tom Jobim, Elis Regina, Hermeto Pascoal, Stevie Wonder, Miles Davis, Amy Winehouse, Flea, Milton Nascimento, Chico Buarque, Djavan e muuuuuuitos outros.
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